ali estava ela. parada. seus pés estavam balançando distraidamente a alguns centímetros do chão. fiquei observando-a, ela tinha a cabeça baixa e escrevia algo no caderno, quando levantou a cabeça, pude notar seu olhar perdido, apático, parecia estar ligada à algum outro lugar. seu corpo estava ali, mas alma... ah, com certeza não. mudou a posição das pernas, estava visivelmente desconfortável, não só por fora, sua angústia era praticamente palpável, parecia impossível que todos os outros, exceto eu, estivessem alheios a batalha que acontecia ali, logo à minha frente. ela agora batia com a ponta da caneta na mesa, talvez estivesse impaciente, ou fosse sempre impaciente. mordeu os lábios, acho que ela precisa dizer algo. esperei. porque não disse? bem, ela não disse, só passou a mão pelos cabelos bagunçados e em seguida lançou um sorriso sem graça às pessoas que estavam ao seu lado. como se fossem estranhos, sorriu como se esitvesse observando, de fora, tudo o que ocorria naquele mundo normal do qual não participava, apesar da vontade. estava sozinha. ou acha que estava; percebi isso ao vê-la movimentando a cabeça para os lados, observando com atenção todas as pessoas ao seu redor. estralou os dedos, precisava trabalhar, precisava sentir que estava se mexendo ou enlouqueceria. ela deu um longo suspiro, acho que sentia-se vencida... quase derrotada. logo em seguida deu um sorrisinho para si mesma. então eu desisti, não consigo compreender esta garota, de qualquer forma. e então ela olhou na minha direção e me encarou com aqueles olhos perdidos, oh espere. eu estava na frente do espelho.
my paper heart will bleed, this wait for destiny won't do
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