BEM ANTES
Acordei atrasada pra escola. Já tinha acordado várias vezes de madrugada achando que tinha perdido a hora. De fato, eu perdi. Cheguei na escola dizendo “É HOJE!” para as minhas amigas. Devo ter dito isso no mínimo dez vezes de manhã. Quando o sinal de saída tocou, eu saí correndo. Acho que entre sair da escola e chegar em casa passaram-se 6 minutos. Nos dias normais eu demoro 30.
Almocei correndo, e fui me arrumar. Coloquei a minha camiseta do Mário(foi bom, porque várias pessoas na fila olharam pra ela) esperei o Marco e quando ele chegou, começou o caminho pra São Paulo. Aliás, obrigada Marco por dividir comigo esse amor pelo McFLY. Nada melhor do que alguém que entende exatamente o que você está sentindo, e dá valor a isso.
No caminho, o assunto não podia ser outro. McFLY, McFLY, McFLY, Mentos, McFLY. Na metade, recebo uma ligação da Pri, dizendo que estava no Hilton. Meu coração parou. Mas ela não tinha conseguido vê-los. Chegamos lá quase cinco da tarde. Trânsito infernal. Jesus toma conta! A três quadras de distância do Via Funchal eu já conseguia ver pedaços da fila. Enquanto meu pai e o Marco foram retirar os ingressos na bilheteria, fui pra fila procurar minhas amigas. Logo encontrei a Julia e a Gabs. Foi incrível. Elas são lindas. Foi a primeira vez que nos vimos, apesar de já nos conhecermos a vários meses. Na fila, já surtando junto com elas, encontro a Bia e mais tarde encontrei a Pri. E a gente passou horas conversando. O Marco disse que achou que a gente já se conhecia, pela forma como nos tratávamos. Mas de alguma forma, a gente já se conhecia. A gente só não sabia como era a feição das outras. O que nem é tão relevante assim. Ah. Tiramos fotos, muitas fotos.
ANTES
Cada vez que alguém gritava “A fila vai andar” era tenso. Às 19:30h o portão abriu. Corri e corri muito. Nem me revistaram. Consegui ficar a umas oito ou dez fileiras de distância da grade. E esperei. Depois de meia hora lá dentro, as primeiras pessoas começaram a passar mal. Antes da banda de abertura entrar, muita gente já tinha desmaiado. Cheguei a 6 fileiras da grade. No final da banda de abertura, eu estava a 4 fileiras da grade. Mais várias meninas tinham desmaiado. Muito calor, multidão, cotovelos, pés doendo, discussões(porque as pessoas insistem em ficar com cartazes levantados?) e cumplicidade. Só percebi que eu estava realmente perto quando eu vi um segurança subindo na grade: ele estendeu um copo d’água, e sem esticar muito o braço eu consegui pegá-lo. No show de abertura, não fiz nada. Não fiz esforço algum pra ver algo ou alguém. Não liguei minha câmera e não empurrei ninguém. Me perdi da Gabs, da Pri e da Ju. E tentei guardar o máximo de energia para o que viria depois. Aí o depois chegou.
DURANTE
Quando a Cine terminou de tocar, as luzes apagaram. Mais pessoas gritando, passando mal, chorando. E eu? Num estado alpha pelo qual nunca passei. Aí aconteceu. O primeiro que eu vi entrar no palco foi o Dougie. Quando eu o vi na minha frente, não tive forças pra nada, não derramei uma lágrima e nem um som saiu da minha boca. Nenhum grito. E olhei pra ele. Pro MEU Dougie. Ele existia de verdade, e estava ali, a 3 fileiras de mim (eu tinha conseguido ir mais pra frente). E ele é meio pequeno. Eu tinha que ficar na ponta dos pés pra conseguir vê-lo. E depois eu vi o Harry. Depois o Danny e por último o Tom. Propositalmente, fiquei mais na direção do Dougie, logo, vi menos o Tom do que os outros. O que não o impedia de chegar perto de mim quando andava pelo palco.
Então eu ouvi os primeiros acordes de One For The Radio. Nessa hora eu me desliguei de tudo. Só existia o McFLY e eu. Toda a dor, a sede, os gritos sumiram. Não existia mais ninguém em volta de mim. Só eu e os meus ingleses. Mais pessoas passando mal, e eu cada vez mais perto. Até que o vejo o Danny olhando na minha direção. Não vou dizer que ele estava olhando pra mim, mas isso não me importa. Ele estava tão perto que o azul dos olhos dele estavam tão intensos quanto nas fotos que eu costumo ver. O Danny também era real. E lindo, e simpático. Ele fez muitas caretas e olhou muito para nós. Se eu tivesse que destacar um dos mcguys nesse show seria o Danny. Por todas as vezes que ele chegou na ponta do palco, e pelo quanto ele olhava, cantava e sorria junto com a gente.
Não consigo me lembrar exatamente da sequência das músicas, acho que eu estava em choque demais pra isso. Sei que toda vez que eu reconhecia os primeiros acordes de cada música, um nós se formava na minha garganta. Cantei All About You olhando pro Dougie o tempo inteiro e apontando inutilmente para ele. Em Point Of View em senti minha cabeça doer de tanta explosão de sentimentos e tirei o pouco ar que eu tinha pra cantar. E mais algumas pessoas desmaiavam. Eu ouvia muita gente chorando perto de mim, mas não conseguia fazer nada. Toda vez que eu ouvia a voz do Dougie era uma parada no coração. Quando ele cantou Transylvania foi como se eu tivesse passado a música toda sem respirar, nem me mexer. O único momento em que me lembro de ter tirado energia da alma pra pular foi em Corrupted, nem achei que eles iam tocar essa música. E depois em Everybody Knows, porque não tem como não ficar com vontade de pular em Everybody Knows.
Ás vezes eu os ouvia dizerem alguma coisa, mas não conseguia entender. Conclusão: toda vez que eles falavam eu só gritava sem saber mesmo o que era. E nem ligo. Consegui compreender que não são as palavras que eles dizem que emocionam, é a simples presença e o som das vozes deles ali, ao vivo. Não ligo para o quão poser possa parecer, mas eu fechava os olhos toda vez que eles cantavam “guess it times like these reminds me, that i’ve got to keep my feet on the ground”. Acho que esse trecho é o que melhor descreve tudo o que aconteceu lá. Porque não dava pra acreditar. Eu estava ali, eles também. Não tinha um oceano entre nós. Só uma grade. Não havia uma tela de TV ou computador. Só as lentes dos meus óculos. Posso adicionar aqui todos os adjetivos pra descrever esse momento e ainda assim não será o suficiente. Todo o desconforto da multidão e a tensão não são nada comparados a recompensa de ver meus meninos ali, cantando pra mim(e pra mais cinco mil pessoas).
“I’m dying to thank you all” toda vez que eu ouvia isso, fechava os olhos e apontava pra eles. The Last Song, eu me lembro, foi um dos momentos em que eu cheguei mais perto de achar que ia desmaiar. Mas eu tinha prometido a mim mesma que não passaria mal e que não iria me perdoar se não acompanhasse cada segundo os meus garotos ali perto de mim. Quase no final, o Dougie pegou uma garrafa de água e jogou água na platéia. Talvez o Dougie seja o responsável por eu não ter desidratado naquele momento, porque eu senti a água da garrafa cair na minha cabeça. Quando eu ouvi um “do do do do doo” eu soube que estava acabando. A última música. E eu cantei e gritei com toda a pouca força que eu tinha.
DEPOIS
Quando o show terminou e as luzes se acenderam eu ainda não acreditava no que tinha acabado de ver. Ainda era surreal. A medida que as pessoas foram saindo, encontrei um degrau vazio no Via Funchal. Sentei ali e simplesmente chorei. Senti a minha cabeça desmoronar e chorei. Eu não tinha conseguido derramar uma única lágrima durante o show. Nem umazinha. Mas depois, ah, depois...
Encontrei meus pais e o Marco na porta. No carro enquanto eu olhava as fotos eu só conseguia chorar. A única frase que me lembro de ter dito, que fazia sentido, foi: “eu fiquei muito perto. Eu estava muito perto”.
AGORA
Eu preciso deles aqui.
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