- O que é utopia?

perguntou a professora. e pela primeira vez na aula, ela levantou a cabeça. estivera completamente absorta no livro entediante da escola, tudo para depois chegar em casa e poder, sem remorsos, ler algo muito melhor. é realmente uma pena que não perguntem sobre bruxos, projetos secretos da nasa e vampiros em testes acadêmicos, não é?
- utopia é um sonho impossível! - ah, claro. algum dos superdotados da turma já havia respondido. ela abaixou novamente a cabeça tentando voltar ao que estava lendo, era algo sobre um casamento, não sabia ao certo, os fragmentos de conversas, as risadas e os momentos em que tinha de responder "sim" ou "pode pegar" estavam dificultando a concentração.
- e o que é, para vocês, algo utópico? - ela ouviu a voz da professora mais próxima e levantou a cabeça de novo.
- um dez em química - respondeu alguém, entre risadinhas. a pergunta, no entanto, permaneceu mais tempo do que deveria dentro de sua cabeça, tempo suficiente para que pudesse refletir sobre ela. tarde demais, a imaginação já estava fora do seu campo visual.
sonhos impossíveis...? era fácil pensar nos sonhos que tinha. era doloroso admitir que talvez fossem impossíveis. era difícil admitir que talvez fossem realmente só utopias. como olhar para si mesma e dizer que algo é impossível, eu digo, algo que você deseja muito, que você deseja mais do que qualquer outra coisa? como dizer à você mesma, que existe sim a possibilidade de você não chegar aonde espera, de tomar outro rumo, quando você não consegue pensar em nada diferente daquilo? a resposta: não dá. é que...dói. dói ver que a realidade é tão irrelevante e ilimitante na maioria das vezes, e que você, alimentando suas pequenas esperanças, pode se machucar, mas sabe que seria impossível não fazê-lo. sacudiu a cabeça, já gastara um longo tempo pensando nesse assunto.
ela, agora já havia esquecido totalmente do livro, e ouvia as palavras misturadas de cerca de trinta pessoas citando seus sonhos utópicos, alguns interessantes, outros extremamente banais, ou assim pareciam, não estava ali para julgar, afinal de contas. involuntariamente, fechou 'o triste fim de policarpo quaresma' e pegou-se pensando no que responderia caso a professora lhe dirigisse a palavra. certamente não toda a verdade. o que você responderia? nenhum dos sonhos que possuía eram palpáveis até o momento, não pareciam nem próximos disso, e era como se fossem, de fato, tão utópicos, tão... distantes. e se ao correr atrás desses sonhos, perdesse a oportunidade de construir algo real e até mesmo satisfatório...melhor? teria de arriscar, tomar decisões e isso nem sempre é tão fácil, ainda mais quando se trata da sua vida. e é só que...
- mas ninguém pode, por exemplo, dizer à uma adolescente, que seus sonhos são impossíveis - disse a professora – não se pode saber.

obrigada por dizer isso.


ps: o dougie sofreu demais hoje com a minha perda de habilidade no photoshop, então fui total obrigada a descontar no johnny, não tenho culpa se eles são meus musos inspiradores. (?) [edit] esquece esse ps. sou brasileira, não desisto nunca, e envergonho o dougie com meus layouts mesmo. fuck. [/edit]
ps²: minha vida viciada em milk-shake continua, tomei um de Sensação hoje. chocolate, morango, granulado...e espera, eu ganhei malditos dois quilos, merda merda. dieta, a partir de agora. valendo!